segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

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Abafei  o som da chuva com o ventilador. Tentei lembrar porquê comecei a escrever. Devia ter uns 10, 11 anos. Pra variar a tristeza tomava conta de mim e eu não entendia bem. Existia uma ânsia por viver, quer acredito que não passe pela cabeça de toda criança de 10 anos. Agora tô aqui, dezesseis anos depois. Num vazio, num buraco. No escuro, querendo tatear algo que nem sei o que é. As lágrimas às vezes correm, e eu também não sei o quê causa isso. Eu queria ter vivido tanto, em tantos lugares. O meu peito pesa e a garganta fecha, como se fosse pra gritar um grito abafado.  Eu me pergunto o que eu tô fazendo da minha vida. A resposta é nada. Esses dias são uma merda sem fim.  Minha garganta tá doendo, sufocando outro grito. Essa busca insana de ter alguém, pra quê? Quero ser feliz sozinha, ou não, sei lá. A verdade é que me sinto sozinha o tempo inteiro. E hoje já não faço planos pro futuro. Hoje é um dia ruim. Daqueles em que eu poderia acabar aqui. Sem nada de mais ter sido feito, ou de menos. Essa dor escrota, que vem da alma ou do hipotálamo ou seja lá qual for a origem...me atordoa, me deixa inerte, me paralisa. Eu não queria ser eu. Eu não queria ser ninguém. Eu não queria existir.

“O amanhã espera a noite e a noite espera o amanhã chegar...”

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