Abafei o som da chuva
com o ventilador. Tentei lembrar porquê comecei a escrever. Devia ter uns 10,
11 anos. Pra variar a tristeza tomava conta de mim e eu não entendia bem.
Existia uma ânsia por viver, quer acredito que não passe pela cabeça de toda
criança de 10 anos. Agora tô aqui, dezesseis anos depois. Num vazio, num
buraco. No escuro, querendo tatear algo que nem sei o que é. As lágrimas às
vezes correm, e eu também não sei o quê causa isso. Eu queria ter vivido tanto,
em tantos lugares. O meu peito pesa e a garganta fecha, como se fosse pra
gritar um grito abafado. Eu me pergunto
o que eu tô fazendo da minha vida. A resposta é nada. Esses dias são uma merda
sem fim. Minha garganta tá doendo, sufocando
outro grito. Essa busca insana de ter alguém, pra quê? Quero ser feliz sozinha,
ou não, sei lá. A verdade é que me sinto sozinha o tempo inteiro. E hoje já não
faço planos pro futuro. Hoje é um dia ruim. Daqueles em que eu poderia acabar
aqui. Sem nada de mais ter sido feito, ou de menos. Essa dor escrota, que vem
da alma ou do hipotálamo ou seja lá qual for a origem...me atordoa, me deixa
inerte, me paralisa. Eu não queria ser eu. Eu não queria ser ninguém. Eu não
queria existir.
“O amanhã espera a noite e a noite espera o amanhã chegar...”
Nenhum comentário:
Postar um comentário