sábado, 21 de dezembro de 2013

Ser, acima de tudo.

 Eu sou... eu sou...Aimée, prazer. Meu nome minha mãe escolheu num livro de significado de nomes para bebês. Aimée é francês (êmê), significa "amada". Eu sou alguém que um dia detestou seu próprio nome, e hoje ama. Acha que é único ser chamada de "Mê", mesmo que quase ninguém chame. Sou alguém que ama bichos, menos os anelídeos, desses eu tenho pavor. Que dessa paixão, surgiu o que talvez seja minha vocação: sou adestradora de cães. 
 Cresci achando que não tinha amigos...mas há pouco tempo descobri que tenho, ainda que poucos, mas eles existem. Sou desconfiada, mas às vezes ingênua. Tenho vinte e três anos e adoro ler. Apesar de meu último livro inteiro ter sido no início do ano; vários ficaram pela metade. Sou escoteira há doze anos. E é uma das coisas que eu tenho orgulho na minha vida. 
 Sou filha, com dois pais ainda vivos. Sou irmã, de um rapaz mais velho. Sou neta, de quatro avós ainda vivos. Sou prima direta de oito pessoas, e de outras trinta, no mínimo. 
 Sou mulher, menina, moleque. Bissexual. Esse último eu aceitei a pouco tempo, mas term sido um caminho interessante.Sou preconceituosa e isso fez olhar minha(s) opção(ões) de outra forma. Sou sem graça. Rio à tôa e adoro uma boa piada.
Amo Clarice Lispector, apesar de ter lido só dois livros, alguns poemas e ter uma frase sua tatuada. Por falar em frase, adoro frases. Sou meio que uma colecionadora de frases. Gosto de rabiscá-las na parede do quarto, sem cerimônia.
 Sou inquieta. Não consigo ficar parada por muito tempo ou me concentrando por mais de trinta minutos. Sou depressiva. Sou suicida, mas nunca tentei de fato me matar. Tomo remédio controlado e já cheguei a tomar tarja preta, mas os dias nem sempre são escuros. Isso é feito a maré. Tenho TOC e, talvez, Síndrome de Tourette. 
 Sou louca por tênis, mas não qualquer um: têm que ser all star ou converse. Toco violão, mas é meia boca. Tenho preguiça de escovar os dentes e de passar hidratante toda noite. Sou impaciente. Sou estranha, esquisita e antipática. 
 Já tentei fugir de casa, mas desisti quando cheguei na esquina. Amo viajar e meu sonho é fazer um mochilão pela América do Sul e Europa, apesar de não conhecer absolutamente nada. Adoro andar descalça ou com  meias quando está frio. Gosto de conversar até tarde com os amigos. Durmo no chão, apesar de ter cama.
 É preciso ser algo, acima de tudo, mesmo que não se saiba bem o quê. 

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Mais uma vez você

Então é isso.
A vida seguiu em frente. Não quero admitir, mas não queria que seguisse pra você.
Queria que ficasse estagnado, me esperando, sempre ao meu lado. De preferência de mãos dadas.
Mas soltei sua mão, você me escapou, ou eu que escapei de você?
Agora estamos aqui, eu sem ninguém, você com outro alguém e eu querendo mais alguém.
Faltam as palavras... falta o chão... falta vergonha na cara e coragem de assumir.
Talvez você não fosse tudo, mas era tudo que eu tinha.
"Stop crying  your heart out."

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Um fim sem começo

Era apenas um show.Sem presunção.
Ele se aproximou com aquele sorriso largado no rosto, com um sotaque diferente. Parecia forçado, mas logo me ganhou. Se apresentou. Sorriu. Trocamos algumas frases.
Um beijo, um sorriso, outro beijo. Um brinco perdido. Uma escada, uma mulher sem jeito.
Ele poderia ser mais que um beijo.
Podia ser mais que uma trepada.
Podia ser mais que ele mesmo.
Mas ela ficou perdida...
E acaba aí.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Ode ao ódio

Ódio. Ódio por mim, por você, e por todos nós.
Ódio por ser babaca, por não ter graça e dar de graça.
 Ódio por querer você, por não me conter...
Querer, querer e querer...
Ódio que me faz ensandecer...
Raiva por ceder...
Os rejeitados.
Os subalternos.
A escória da humanidade.
Os que não ligam pra moda, pra roda, só pra foda.
Estamos aqui de passagem, não queremos pagar pedágio, somos um fracasso.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Deixa estar

De repente vem a cena.
E o escuro.
E junto o cheiro, o gosto, o jeito.
A língua, o beijo, a mordida.
O pescoço, o rosto e o corpo todo.
Olhos, lábios, dedos, cabelos.
Libido, um cupido errado.
O roçar da barba na pele.
A pele branca vermelha do roçar.
Tudo se transforma numa vaga lembrança que deixamos estar.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Uma carta qualquer

 Essa é uma carta para alguém. Ou para ninguém. Alguém que não vai ler, que não quer receber. Que não dá a mínima para isso, que não quer compromisso. Alguém que roubou um pedaço de mim e se foi. Ou outro alguém que não roubou, mas também não ficou. Essa carta é pra você, que causa minhas insônias, que se faz de sonso e que não tem um plano. Ou pra você, que fiz ir embora, fora da hora e sem dizer adeus. Ou pra você, que está por aí e nunca vi, caso um dia viermos a nos encontrar.
 Essa é pra você que invade meus pensamentos em tormento e acalma com sua fala mesmo sem graça. Que beija minha boca com gosto, ou o rosto, ou o seio ou todo o corpo. Você, que foi embora logo agora e seu cheiro permanece depois do gozo. Pra você que perdi, por ser carente demais e querer sempre mais.
 Para todos os amantes, que o beijo seja com gosto e o sexo com tesão. Que haja gozo, sem reprimir a verdade ou a vontade. Que essa ficada não seja só uma trepada, mas uma troca intensa de calor, energia e fluidos, porquê não? Que seja livre, mas não vulgar, que aqueça e saiba amar. Que possibilite novas relações, conexões, trocas, fins e meios. Mas que seja inteiro, e não pela metade.

terça-feira, 16 de julho de 2013

MInha metade

Metade de mim é loucura, a outra paixão
Metade é música, metade poesia
Metade é tristeza, metade alegria
Metade é abismo, metade ilusão
Metade é poeira, metade é água
Metade é ego, metade é nada
Metade sou eu, metade é você
E sem você, minha metade não existe


*Inspirado na música "Metade" de Oswaldo Montenegro

terça-feira, 2 de julho de 2013

4 e 1/2

 Aqui estou eu, fazendo o que você mais detestava em mim: me expondo. E nesse momento você me detestaria duplamente, pois vou expor você também. Foram 4 anos e 6 meses ao seu lado. Os últimos nove meses foram os mais conturbados, muitas discussões, brigas, lágrimas, te decepcionei do pior jeito e você ainda me quis por perto, depois de um tempo. Não acredito que amor acabe assim, de um dia para o outro, mesmo que você se interesse por outro alguém.
  Posso estar enganada, querendo me iludir para não achar que sou uma vadia, mas eu te amei em todos os momentos. Nunca te traí, sempre deixei bem claro. Mas nos últimos tempos, eu queria mais. Queria mais amor, mais vontade, mais carinho, mais tesão, mais cuidado, mais ciúme...eu queria você por inteiro, mas inteiro eu não podia ter. Então resolvi botar um ponto final nesses quatro anos e meio e partir pra outra. 
 Não sei se vou ser feliz, mas quero arriscar. Não vou me prender a você, que não pode se doar por inteiro mas também não quer me perder. Vai ser difícil esquecer mas, como me disseram, não preciso esquecer. Você fez meus últimos 4 anos mais felizes, me ensinou muito, me amou muito. Agora você vai fazer parte pra sempre, na minha memória, nas lembranças que certamente vou guardar por um longo tempo.
 Você pode me odiar a partir de ontem, mas ainda vai ser meu amor. O cara da minha vida, com quem eu ia casar e quem sabe ter filhos e mais um monte de cachorros. Tive que tirar nós dois das prateleiras e guardar naquela caixa, só pra não ver seu rosto toda vez que entro no quarto. Não, não vou te esquecer, nem te odiar. Por mais que você faça isso. 
 Aqui estou eu, te escrevendo mais uma carta, que você nunca vai ler...

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Bruma


Acordou com aquela estranha sensação de sempre, um incômodo, a garganta apertada, sufocando. Em meio ao silêncio da madrugada que se encerrava, se vestiu. Sem muito propósito, sem nem para quem ou onde, vestiu as calças escolhendo uma não muito surrada. Uma blusa confortável e os tênis de sempre, sujos e folgados. Saiu para encontrar o hálito matutino sem nada para lhe forrar o estômago. Não tinha apetite. Já a algum tempo não sentia muita coisa. Perambulou pelas ruas ainda desertas –exceto pelos cachorros magros que reviravam as sacolas de lixo. Pensou que os lixeiros haveriam de ter trabalho mais tarde. O céu escuro começava, de longe, a clarear. Livrou-se do aglomerado de prédios e concreto e chegou à praia, onde uma neblina ainda impossibilitava ver o horizonte –mas não era problema, pois já não havia um. As águas ainda rolavam e batiam furiosas contra a areia. Sem tirar os tênis, pisou na areia fofa...passo a passo, ouvindo o engraçado som do roçar da sola na areia, caminhou. A água socava brutalmente os grãos enquanto seus pés se arrastavam até o mar e sua respiração ficava mais intensa e rouca. A uns cinco metros da água, parou: deu um último olhar em volta, como se desse adeus a ninguém. Algo estourou em seu peito, como se há tempos estivesse enclausurado, veio a vontade de correr, de se jogar. Percorreu cinco metros com toda a vontade que jamais teve na vida e se jogou. Entrou na água gelada e violenta e pôs-se a nadar. Nadou até as pedras, onde o ódio do mar era ainda maior. Se deixou bater, se deixou abater.

Escrito em: quinta-feira, 3 de setembro de 2009.

domingo, 12 de maio de 2013

Avulsas

Um papel em branco.
Uma caneta.
Uma mente cheia.
Confusão, um turbilhão.
Um vazio.
Um teto.
Um espaço.
Um banco.
Em branco.