domingo, 2 de novembro de 2014

 Menti por acreditar que a verdade seria pior. Menti para te poupar da dor. Menti por pudor. Menti por acreditar ser melhor para nós. E no fim deu tudo errado, do mesmo jeito. Somaram-se as mentiras às verdades mal ditas, verdades malditas. E agora não sobrou nada do farelo que existia para deixar uma migalha.



"Eu sou tão refém quanto você desse amor inesperado." - Kapitu

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Segredo

Você foi chegando devagar. Com seus olhos castanhos e cabelos negros até o pescoço. Uma barba em que adoro fazer meus dedos se perderem e um sorriso de criança. Para falar o seu nome eu faço um biquinho e eu rio disso mentalmente. Mas adoro te chamar pelo nome. Faço um bico pra primeira sílaba e deito a língua entre os dentes na segunda. Rio quando você fica na ponta dos pés pra beijar minha nuca e me pergunto porquê tenho que ser tão alta? Finjo que entendo tudo de games quando você começa a falar de RPG, Payday ou qualquer outra coisa. Mas rio quando tento te fazer cócegas e você diz "Zero de dano". Você me deixa meio boba, meio sem graça e também me sinto meio burra quando começa a falar de política. Simplesmente porque parece entender mais do que eu compreendo. E é engraçado. Gosto de saber que fui a primeira a estrear omeleteira com você, por mais brega que isso seja. E amo cada café da manhã que você prepara para nós dois. Quero que você conheça minha casa, meu quarto, meu canto e meus desencantos. Poder ficar vários dias com você, só morgando, vendo filme ou falando besteiras. Quero que você me ouça tocar violão, e mesmo sabendo que toco mal, você vai fingir gostar. E quando eu fizer o almoço e não ficar bom, você vai poder dizer a verdade. Quero me perder em você e quero que você se perca comigo.  Você foi chegando devagar para juntar um coração meio em pedaços e pra me fazer sorrir. 

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Que direito  você tem de chegar calado e tímido? Que direito você tem de olhar com esses olhos de ressaca e me deixar inquieta? Que direito você tem de chegar tirando tudo do lugar, jogando pro alto e deixando meu mundo de cabeça pra baixo? Que direito você tem de roçar a barba no meu pescoço e me fazer arrepiar? Que direito você tem de me fazer apaixonar sem se entregar e ir embora sem achar que vai machucar? Que direito eu te dei de me possuir, de me beijar e me deixar gostar, sem ao menos ser real? Que direito eu te dei de me fazer menor que você? Que direito você tem pra me fazer menos importante? Que direito eu te dei pra alterar minha rotina, tirar meu sono e mudar meus planos? Que direito você me deu de te amar?

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Em pedaços

 Quem mandou tentar se envolver com tantas pessoas em tão pouco tempo, sem que elas se envolvessem com você? Achei que estivesse com um bom suporte, mas era tudo areia. E agora veio essa ondinha e desmanchou tudo. A verdade é que nunca houve nós entre todos eles. Você se jogou de cabeça, não se preservou, não se deu valor. Acreditou em coisas que nunca existiram. Esquizofrênica.

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As pessoas gostam de contar suas tristes histórias de vida. De mostrar como são batalhadoras, como sofreram, como o mundo foi injusto com elas... Quer saber? Foda-se. Tenho meus próprios problemas pra lamentar.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Nem vai rolar. Pegação casual é isso.
To saindo com outra pessoa e acho que vou namorar. Acho melhor a gente não sair mais.
Me senti pressionado.
Não te prometi nada. Usando suas palavras, você ficou pegajosa. E bom eu odeio qualquer coisa parecida.

Quer mais liquidez que isso? Fragilidade dos laços. Hipocrisia. Liquidez.
Bauman, fodendo meus neurônios. Relações, fodendo meu hipotálamo.
Na minha ânsia por liberdade, me prendi à você.
Vou me chapar de remédio. E torcer pra não acordar mais.
Uma mente perturbada não pode ter um sono tranquilo.

domingo, 20 de julho de 2014

Oração da Gestalt

Eu sou eu, você é você.
Eu faço as minhas coisas, e você faz as suas coisas
Eu sou eu, você é você
Não estou neste mundo para viver de acordo com as suas expectativas
E nem você o está para viver de acordo com as minhas
Eu sou eu, você é você
Se por acaso nos encontrarmos, é lindo
Se não, não há o que fazer

Fritz Perls

domingo, 6 de julho de 2014

O que sou eu pra você... (?)

À primeira vista, olhos bonitos. 
Na faculdade, um desconhecido. 
No bandejão, um sorriso.
Na aula, uma distração. 
No bar, um drink pra acompanhar.
Na praia, um beijo. 
Na madrugada, uma conversa fiada.
No aniversário, um rock gostoso. 
No jogo, um pé frio.
Às quartas, a vontade de ver.
No pensamento, uma saudade. 
Às quintas, uma chupada cheia de tesão. 
Na sexta à noite, uma saída. Na cama, uma puta.
 Nos fins de semana, um mero conhecido.
 Na segunda à noite: só mais um amante.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Agora que você já vai

 E o que você queria que eu dissesse? Que eu te amo? Espera, não vai embora não. Fica mais um pouco pra gente conversar. Sei que você tá afim de outro cara, mas deixa eu curtir essa despedida. Só mais essa. Deixa eu te beijar como se você ainda fosse minha e te abraçar como se não houvesse amanhã. Não? Ok, eu solto. Mas só se você voltar. Não tem pra onde voltar, não é? Você nunca foi minha. Nunca disse que te amava, mas você sabe que perco o sono por tua causa. Calma, não é culpa sua. É que eu não sabia te amar antes, mas agora que você já vai, eu sei.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Eu preciso te esquecer. Mas como, se toda vez que alguém diz seu nome me vem uma sensação estranha? Se falam de você eu logo imagino seu olhar, seu rosto, sua roupa. Como esquecer, se cada vez que as pessoas se encontram e você não está o assunto você surge? Como faz pra arrancar essa memória como eu arranquei sua blusa, como deixo de sentir esse cheiro do seu perfume que impregna os pensamentos.
Esquecer, quando a lembrança de você me faz estremecer. E tudo fica tão ridículo. Eu só quero que isso passe.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Sobre o fim

Apenas sobre o final do fim, que é o que importa.
Quero um caixão claro. Que não seja envernizado. De preferência na madeira sem tratamento, bem simples mesmo. Como amante de frases, que dê para as pessoas escreverem o que quiserem no tampo e nas laterais, ou onde der.Que toque rock'n roll. Nada de ave-maria, música de igreja, ou coisas do tipo. Se é uma despedida, que seja em grande estilo.Quero ser cremada. E não quero ficar numa urna. Se der, me joga do alto do Costão de Itacoatiara, Enseada do Bananal (onde tem o penhasco) e da Pedra da Gávea. Quero ficar em muitos lugares. Chame meus amigos, meus tios, meus primos, meus irmãos escoteiros. As partes da família que estão brigadas. 
Não faça missa de sétimo dia. Nem de um ano ou de uma década. Não acredito em religião, não para mim. Se alguém quiser rezar, que reze pra si. Não quero levar um monte de gente à igreja pra ficar pensando em mim. Meus livros e cds, doe para os meus amigos e primos que gostarem de algo. 
Que seja rápido. Sem muitas flores. Sem coroa de flores. De preferência flores do campo.Ou flor de lis.
Que tenha comida e bebida à vontade. Que as pessoas chorem, mas riam para compensar.
Acho que é tudo.

domingo, 27 de abril de 2014

100 mg de assert, 4 mg de orap e um alprazolam ocasional

Acordou com aquele gosto de dormido na boca. É, gosto de dormido, quando você dorme com a boca aberta, baba, a baba seca e você baba de novo. Acorda cheia de sede. Vai ao banheiro, sempre na dúvida se primeiro lava a boca ou mija. Senta na privada, abaixa a cabeça encostando nos joelhos e começa a pensar na vida e no dia que vai ter que levar. Dá a descarga, abre a torneira e ensaboa as mãos lentamente. Joga um bocado de água na boca e faz um bochecho. Cospe. Joga mais um bocado de água e faz um gargarejo. Pra completar o ritual do banheiro, joga uma água no rosto, esfrega o canto do olho ao lado no nariz pra tirar a remela e se seca com rispidez. Vai até a cozinha, pega um copo de vidro e abre a geladeira. Pega a garrafa d'água e enche o copo até a metade. Meio cheio ou meio vazio? Balança a cabeça. Deixa pra lá. Pega um pacote, está escrito ORAP 4 mg, toma um comprimido inteiro. Pega o outro pacote, Assert, cloridrato de sertralina 50 mg, engole dois. Mas hoje o dia está diferente. Está ensolarado, mas ofuscado. Ela pega a chave, abre a gaveta da mesa do escritório e pega a caixa com uma tarja preta: alprazolam 0,25 mg. Fecha os olhos. Foda-se, pensa. Engole quatro.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Isso não merece um título

 Dessa vez, quem escreve sou eu. E não é a primeira e única. Nem a segunda.
Não vou fazer igual a você. Mandar uma mensagem por celular, dizendo o quanto foi bom, que só foi bom por minha causa, que você vacilou comigo e hoje só vacilei um pouco com você. Não, disso tudo já sei.
O que não sei é por quê aquele beijo teve sabor diferente? Por quê você roubou o carro e veio à minha casa no meio da madrugada, tentando me convencer a dormir com você? Por quê esse esforço todo, se já não tem mais graça? Se é tudo fora de hora, descompassado.
Seu relógio é meio alterado. Quando te quero, você não se importa se existo. Quando viajo, faz do beijo uma surpresa, ou da surpresa um beijo? Quando te esqueço, aparece, meio do nada, meio sem graça.
 Nesse tempo todo, eu esperando alguma aprovação. Um "você está bonita", um "você é legal", "você me dá prazer", ou um simples "quero te ver pois senti sua falta". Mas era demais para você, não era? Não saber se ao menos você me acha atraente por que, de todos os caras, era de você quem eu queria ouvir isso.
E nas vezes que você estava ao meu lado, fingindo que eu não era nada para você...
Você já se sentiu um nada pra alguém?
Tô aqui, esperando uma resposta diferente do que a que você vai dar. Tô aqui, sempre estive, nunca saí do lugar. Você que não me viu, ou então me viu e olhou pro lado. Você que não quer encarar os fatos, dá uma de errado e sai de fininho.Você que não percebeu, que tô aqui do seu lado, querendo te fazer feliz ou te alegrar por uns instantes. Querendo fazer parte da sua vida, mesmo que distante. 

segunda-feira, 31 de março de 2014

01/04/14

 Abriu a porta do apartamento mofado e escuro. Acendeu o abajur, estava uma penumbra. Tirou o casaco preto, estava encharcado da chuva lá fora. Seus cabelos negros também molhados caíam pelo rosto e olhos. Tirou o pacote do bolso. O plástico estava úmido, mas o conteúdo intacto. Sem cerimônia, abriu o pacote e fez um montinho na mesa de centro. Pegou a chave, na falta de um cartão, e separou uma fileira. Separou uma nota de dois reais e enrolou. Contou até três, se inclinou pra frente, colocou o canudo feito de nota entre a fileira e o narina direita e aspirou. Sua morte começava ali.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Sufoca

 Algo me sufoca. Sobe pelo estômago, passa pelo peito e aperta minha garganta. Algo me sufoca, aos poucos, fecha minha mente, me cega, me entorpece. Entro em desespero, procuro uma saída, um alívio, mas algo ainda me sufoca. Tento afastar os pensamentos ruins, mas eles me invadem, não pedem permissão e tiram tudo do lugar. Uma estranheza sobre as coisas bate na minha consciência, já não consigo pensar claro. Um calafrio percorre meu corpo, será que estou doente? Será que sou demente? Será que é a mente?
 Tento escrever, tirar da cabeça o que me consome, mas me some e não tenho palavras. 

segunda-feira, 10 de março de 2014

Esperando o remédio fazer efeito, já que não encontro abrigo no teu peito.

Por último.

 Era só pra desejar boa viagem. Depois de uns dias mal falados, vontade reprimida. A vergonha, a dúvida, o desejo, tudo ao mesmo tempo enquanto o olhava. Falou mal do meu piercing. Reparou na minha pinta no pescoço, falou que era feia. Reparou que não depilo as coxas... Tudo pra me botar pra baixo. Jogou umas piadas sem graça e eu, idiota, ri. Então ele me olhou. De um jeito que eu não era olhada há um tempo. Fixei meus olhos nos dele. Sentados no chão, ele na minha frente, passou a mão pela minha nuca e segurou meu cabelo.Do jeito que só ele sabe segurar.  Passou a boca no meu pescoço, queixo, ficou dando voltas... Puxou mais forte meu cabelo, beijou minha boca.Parecia que nunca tínhamos feito aquilo antes. Uma sensação de novidade, de surpresa, de não saber o que esperar. Ele me provocou, me levantou, me agarrou. Perdi o equilíbrio, caímos na cama. Aquela cama bagunçada, cheia de roupa, edredom e lençol misturado. Uma bagunça de semanas... Ali ele veio devagar, me beijando e me deitando, com o carinho que só ele tem.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Pelo teto

Pelo teto o resto
pela fresta a janela
o canto pelo tanto
pela quina do encontro
pelo ponto
a que ponto que chegamos

esse tanto é um (ponto).

Dez/2009